Separando arquivos de código em produção

Atualmente, com tantas opções online para resolver um mesmo problema, o usuário acaba optando por usar sites com o carregamento rápido, prova disso é essa reportagem do Uol de 2011: Maioria dos usuários espera só 5 segundos para site abrir no celular.

Se em 2011 já encontrávamos esse cenário, 6 anos depois as coisas se tornaram ‘pior’, com sites cada vez mais velozes, a esperado do usuário acaba se tornando ainda mais restrita, e esse é um problema muito comum no mundo do Vue.

Ao compilar o seu sistema com o comando npm run build, é gerado o arquivo build.js, que em seus melhores dias apresenta cerca de 400Kb de tamanho.

Em uma conta rápida, supomos que 70% dos usuários usam o 3G para acessar a internet no telefone, que a velocidade média de uma conexão 3G em aparelhos com cota fica em torno de 150Kb/s e sem cota em torno de 40Kb/s (sendo generoso).

Sabemos que 90% deles nunca têm cota por conta do grande acesso a aplicativos de mídia social. Logo, para apenas 14,3% desses 70% o site se carregaria em menos de 5 segundos.

Então, de acordo com a informação do Uol e a conta tosca, menos da metade dos usuários esperariam um site feito com o Vue (puro) carregar no telefone.

Visando melhorar isso, e poder usar o Vue em projetos que preciso de agilidade, pesquisei um pouco até encontrar a técnica de code splitting. No webpack, ela se define em separar trechos de códigos independentes, em arquivos denominados chunks.

Então sem mais delongas, vamos criar nossos chunks em uma aplicação de exemplo no Vue. Nessa aplicação simularemos um sistema simples, com apenas duas páginas, a Home e About, usando o VueRouter para trocar o acesso entre elas.

Home.vue:

<template>
  <article>
    <h2>Home Page</h2>
  </article>
</template>

<script>
export default {
  name: 'home',
}
</script>

About.vue:

<template>
  <article>
    <h2>About Page</h2>
  </article>
</template>

<script>
export default {
  name: 'home',
}
</script>

App.vue:

<template>
  <div id="app">
    <router-link to="/">Home</router-link>
    <router-link to="about">About</router-link>
    <router-view></router-view>
  </div>
</template>

<script>
export default {
  name: 'app',
}
</script>

Até então tudo na normalidade que estamos acostumados, a mudança quando importamos nossos componentes para o router, aqui devemos usar o System.import para que o webpack identifique essa importação como um chunk:

import Vue from 'vue'
import VueRouter from 'vue-router'
import App from './App.vue'

Vue.use(VueRouter)

const Home = () => System.import(/* webpackChunkName: "home" */'./components/Home.vue')
const About = () => System.import(/* webpackChunkName: "about" */'./components/About.vue')

const router = new VueRouter({
  routes: [
      {path: '/', component: Home},
      {path: '/about', component: About}
  ],
})

new Vue({
  el: '#app',
  render: h => h(App),
  router: router
})

Notem também que foi usado um comentário que funciona como anotação, onde podemos nomear nosso pedaço. Ao compilar o sistema com npm run build você verá que já temos algo funcionando, os arquivos foram separados:

leonardo@leonardo:~/dev/vue/splitting$ npm run build

> esqueleto@1.0.0 build /home/leonardo/dev/vue/splitting
> cross-env NODE_ENV=production webpack --progress --hide-modules

Hash: b03e8290e2443f170056
Version: webpack 2.7.0
Time: 18227ms
         Asset     Size  Chunks             Chunk Names
    0.build.js  3.65 kB       0  [emitted]  home
    1.build.js  3.66 kB       1  [emitted]  about
      build.js   109 kB       2  [emitted]  main
0.build.js.map  29.3 kB       0  [emitted]  home
1.build.js.map  29.3 kB       1  [emitted]  about
  build.js.map   876 kB       2  [emitted]  main

O ex-monstro build.js agora apresenta 109Kb, mas ainda temos dois problemas:

  • Caso o sistema seja executado em um local que não seja a raiz do servidor, os arquivos .js não serão encontrados.
  • Os nomes dos chunks não foram explícitos no nome dos arquivos gerados, pois foram gerados apenas id’s.

Então, vamos corrigir ambos problemas em uma só martelada, no webpack.config.js, temos que realizar alguns ajustes no objeto output que nos dá a saída da compilação.

Primeiramente, altere o publicPath retirando-o da raiz, após isso, vamos acrescentar o atributo chunkFilename para criar um padrão de nome para os pedaços. Deixando-o assim:

...
  output: {
    path: path.resolve(__dirname, './dist'),
    publicPath: './dist/',
    filename: 'build.js',
    chunkFilename: '[name].app.js',
  },
...

Precisamos, por fim, alterar um último detalhe, caso sua aplicação não esteja na raiz do servidor, altere o chamado do script no index.html, deixando-o no mesmo nível do arquivo e não mais na raiz:

<script src="./dist/build.js"></script>

Agora ao executar o npm run build temos nossas importações separadas por arquivos:

leonardo@leonardo:~/dev/vue/splitting$ npm run build

> esqueleto@1.0.0 build /home/leonardo/dev/vue/splitting
> cross-env NODE_ENV=production webpack --progress --hide-modules

Hash: 304946d71317940f36d8
Version: webpack 2.7.0
Time: 18003ms
           Asset     Size  Chunks             Chunk Names
     home.app.js  3.65 kB       0  [emitted]  home
    about.app.js  3.66 kB       1  [emitted]  about
        build.js   109 kB       2  [emitted]  main
 home.app.js.map  29.3 kB       0  [emitted]  home
about.app.js.map  29.3 kB       1  [emitted]  about
    build.js.map   876 kB       2  [emitted]  main

Ao executar no navegador, observe o inspecionador de elementos, ao iniciar a aplciação na rota /, além do build.js será importado e incluído no DOM o arquivo home.app.js, ao clicar no link e mudar a rota para /about um novo script será incluído no DOM, indo para o arquivo about.app.js.

Sendo assim, é perceptível que estamos consumindo apenas os dados que realmente são usados. Ainda podemos ir além, realizando algumas ações para melhorar ainda mais o desempenho, como:

  • Dividir um componente maior em chunks, fazendo com que, por exemplo, métodos só sejam declarados quando foram de fato usados.
  • Extrair dependências de produção em arquivos distintos, assim podemos importar apenas onde é usual, despoluindo o arquivo build.js.

E assim acabo esse artigo, espero que muitos possam usa-lo para melhorar suas aplicações. Além disso, deixem no comentários um feedback ou sugestões para postagens futuras.